sexta-feira, 4 de junho de 2010

A Busca - Krishnamurti

 
Longamente peregrinei através de muitas vidas por muitas terras, entre
muitos povos em busca da meta que não conhecia.

Carreguei o pesado fardo de muitas posses, das riquezas do mundo, dos
confortos que fazem a estagnação.

Prostrei-me ante os altares dos santuários que encontrei à margem da estrada
Krishnamurti
e os deuses me recusaram a meta que pretendia.

E na magia das palavras e na embriaguez do incenso permaneci abrigado nas
sombras entre as paredes do templo.

Criei filosofias e credos, complicadas teorias de vida.

Entranhei-me das criações intelectuais do homem com elas me engrandeci em arrogância.

E, tão súbito quanto a tempestade desaba, vi-me nu, esmagado pela agonia de coisas transitórias.


E como as terras do deserto sem sombras assim se tornou minha vida.
Vi e me ouvi eremita.

Livra-te do veneno do preconceito que corrompe tua verdade porque és imenso
em teus preconceitos, tanto velhos quanto novos.

Livra-te da estreiteza de tuas tradições, convenções, hábitos,
sentimentos de posse.

Como o homem que não tem ouvidos,
és surdo para a música melodiosa.


Como o homem que não tem olhos,
és cego para o esplendor do crepúsculo.

Como o mergulhador que desce ao fundo do mar arriscando a vida pelo gozo
transitório,
deves tu também penetrar fundo em ti mesmo.

Como o audaz alpinista que conquista os altos cumes,
deves tu também ascender àquela altura vertiginosa,
de onde todas as coisas são vistas em suas verdadeiras proporções.

Como o lótus que, rompendo o lodo, ao céu se eleva deves tu também arredar
todas as coisas transitórias se queres descobrir tua força oculta para
enfrentar as viscitudes do mundo.

Como a rápida corrente conhece sua nascente, deves tu também conhecer teu próprio Ser.

Como a trilha tortuosa da montanha, descortina a cada instante vistas novas,
assim também em ti há uma revelação constante a cada experiência de
encontro.

Como o mar encerra uma multidão de seres vivos, em ti fazem ocultos segredos de todos os mundos.

Como a flor que desabrocha à branda luz do sol, deves tu te abrir, se te
queres conhecer.

Perscruta tuas próprias profundezas com os olhos límpidos se queres perceber todas as coisas.

Como o lago tranqüilo que reflete o céu, assim deverão os homens e as coisas em ti se refletir.

E como o rio misterioso que no largo mar se lança adentro me lancei no mar
da libertação.

A Busca
(Krishnamurti)

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