A árvore da vida - de Gustav Klimt |
O Amor é a lei de Deus. Viveis para que aprendais a amar. Amais para que aprendais a viver. Nenhuma outra lição é exigida do Homem”.
A quem ou a quê devemos amar? Podemos escolher certa folha da Árvore da Vida e despejar sobre ela todo o nosso coração? E o ramo que produziu essa folha? E a haste que sustenta esse ramo? E a casca que protege essa haste? E as raízes que alimentam a casca, os ramos e as folhas? E o solo que envolve as raízes? E o sol, o mar e o ar que fertilizam o solo? Se a pequena folha merece o vosso amor, quanto o mais merecerá a árvore toda!
O amor que corta uma fração do todo, antecipadamente se condena ao sofrimento. E direis: “Mas há muitas e muitas folhas em uma única árvore: umas são sadias outras são doentes; umas são belas, outras, feias; algumas são gigantes, outras são anãs. Como poderemos deixar de escolher?”. - E vos direi: Da palidez do doente provém à vitalidade do sadio. E vos direi ainda mais, que a fealdade é a paleta, a tinta e o pincel da Beleza; e que o anão não seria anão se não tivesse dado parte de sua estatura ao gigante.
Vós sois a Árvore da Vida. Cuidado para não dividirdes a vós mesmos! Não ponhais um fruto contra outro fruto, uma folha contra outra folha, um ramo contra outro ramo; nem ponhais o ramo contra as raízes, ou a árvore contra a terra-mãe, pois, é exatamente isso que fazeis quando amais uma parte mais do que o restante, ou com a exclusão do restante.
Vós sois a Árvore da Vida. Vossas raízes estão em toda parte; vossos ramos e folhas, em toda parte; vossos frutos em todas as bocas. Sejam quais forem os frutos dessa árvore; sejam quais forem seus ramos e folhas; sejam quais forem as suas raízes; serão os vossos frutos, vossas folhas e ramos, serão as vossas raízes. Se quiserdes que a árvore dê frutos doces e aromáticos, e a desejardes sempre forte e verde, cuidai da seiva com que alimentais as suas raízes.
O Amor é a seiva da Vida; o ódio, o pus da morte. Mas, o Amor, tal como o sangue, precisa não encontrar obstáculos para circular nas veias. Reprimi o movimento do sangue e se tornará uma ameaça, uma praga. E que é o ódio senão amor reprimido ou amor retido, tornando-se veneno tanto para quem o alimenta como para o alimentado; para quem odeia como para o que é odiado. Uma folha amarela na vossa Árvore da Vida é somente uma folha a que faltou amor. Não culpeis a folha amarela. Um ramo ressequido é somente um ramo faminto de amor. Não culpeis o ramo ressequido. Uma fruta podre é somente uma fruta amamentada com ódio. Não culpeis a fruta podre. Culpai antes o vosso coração cego e egoísta que repartiu a seiva da vida para uns poucos e a negou a muitos, negando assim a ela própria. Não há outro amor possível senão o amor a si próprio. Mas nenhum ser é real, senão aquele que abrange o Todo.
Eis porque Deus é Amor; porque Deus se ama a Si Mesmo. Se o amor vos faz sofrer, é porque ainda não encontrastes o vosso próprio ser, nem achastes a chave de ouro do amor, pois se amais um ser efêmero, o vosso amor é efêmero. O amor do homem pela mulher não é Amor; é algo muito diferente. O amor dos pais pelos filhos é tão somente o limiar do sagrado templo do Amor… Deixai que os homens se gabem de carnes e ossos que se apegam a outras carnes e ossos, mas jamais deis a isso o sagrado nome de Amor.
Não conhecereis a alegria do Amor enquanto houver ódio em vossos corações. Quando odiais alguém ou alguma coisa, na verdade odiais a vós mesmos, pois o que odiais está inseparavelmente ligado ao que amais, como o verso e reverso da mesma moeda. Se quiserdes ser honestos convosco mesmos, tereis que amar aqueles e aquilo que odiais e aqueles e aquilo que vos odeia, antes de amardes o que amais e o que vos ama… Que ninguém se orgulhe de amar. O Amor é uma necessidade; mais necessidade é do que o pão e a água; mais do que a luz e o ar… Deveis respirar no Amor tão natural e livremente como respirais o ar para dentro e para fora de vossos pulmões. [Mas], não espereis recompensa do Amor.
O Amor é, em si mesmo, recompensa suficiente para o amor, assim como o ódio é, em si mesmo, recompensa para o ódio. Assim como um poderoso rio que se esvazia no mar é reabastecido pelo mar, assim deveis esvaziar-vos no Amor, para que sejais preenchidos para sempre de Amor. Sempre vos ouço dizer que o amor é cego, no sentido de que não vê defeitos no ser amado… Desejaríeis ser sempre tão cegos que não encontrásseis faltas em coisa alguma. Não! Claro e penetrante é o olhar do Amor; por isso não vê faltas. Quando o Amor houver purificado a vossa visão, não vereis jamais nada que não seja digno de vosso amor. Só uma visão despojada de amor, um olho faltoso, está sempre ocupado em encontrar faltas; e quaisquer que encontre serão as suas próprias faltas…
O Amor integra; o ódio desintegra… Mesmo os vossos corpos perecíveis como parecem ser resistiriam à desintegração, se amásseis com a mesma intensidade cada uma das células que o constituem.
O Amor é a paz cheia das melodias da vida. O ódio, a guerra ansiosa pelos satânicos golpes de morte. Que preferis: o Amor para gozardes a paz eterna, ou o ódio para estardes em guerra?! Toda a Terra está viva em vós. O Céu e suas hostes estão vivos em vós. Amai, pois a Terra e todos os seus habitantes se amais a vós mesmos. Amai o Céu e os seus habitantes se amais a vós mesmos.
Trechos de “O Livro de Mirdad” - Mikhail Naimy
Recolhido do blog de Kátia Bueno - http://katiabueno.blogspot.com
Amor.
ResponderExcluirNamaste!